sexta-feira, novembro 25, 2005

A medida

Não gosto de delimitações. O atleta não se contenta ao atingir sua melhor performance, mas ao ultrapassa-la. Tudo que não ultrapassamos na vida, a vida nos ultrapassa. O pouco não abastece, o normal deixa a desejar. Consulto as bulas para saber como exceder as dosagens. Não meço a emoção pela quantidade de batimento cardíacos.
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terça-feira, novembro 22, 2005

Conversas no MSN - I

A maneira mais eficiente de se conquistar alguém é quando você não está tentando fazer isso.

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segunda-feira, novembro 14, 2005

Baseado em e-mails reais - IV



Para Julia.



O tempo nunca mais será um inimigo. O medo já não é um desconhecido, Ju. Tudo que não agrada ainda pode ser reinventado, a segurança com que te escrevo é só minha timidez com medo de aparecer. Minhas dores são minhas asas. Você também esquecerá este tempo que passou e seguirá os próximos dias como se estivesse em um novo caminho, porque estará. Começará a andar de cabeça erguida com a graça de um adulto e voltará a sonhar com a leveza de uma menina. Nós perdemos o controle do tempo e fomos percebendo o quanto as verdades se misturaram com as mentiras, só agora tivemos a coragem de separá-las. Porque uma verdade não se mistura, porque a mentira, essa, é má influencia, porque finalmente podemos enxergar: o tempo não cega, Ju. Abre os olhos. Tudo pode ser reinventado, a gente tem que viver o lado errado para ter certeza de que não vai querer fazer parte dele. Não desviaremos mais os caminhos do que nossos olhos apontem, um olhar nunca se engana e a felicidade não aceita segunda opção. A felicidade é um caminho longo e não se pode caminhar um pequeno trecho por dia por dia. Ou se anda sempre ou se está sempre parado. Quando seguimos caminhos traçados já não somos nós mesmos, somos o resto do mundo. Não somos ninguém. Os sonhos adormecem, os desejos adormecem, o medo não adormece, Ju. Passa a noite em claro. Ou você aprende o medo ou o medo prende você. Eu também já estive preso por muito tempo, meus pés grudados no chão como se criassem raízes, minhas mãos amarradas, os olhos assustados deles mesmos. Meus sonhos quase morreram. Eu quase adormeci. Ju, o que nos faltou será vivido de outra maneira, o tempo nunca mais será um inimigo. Estaremos acordados, independente do que houver. A incerteza do nosso destino é essa sede de viver que nos aquece.

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terça-feira, novembro 08, 2005

A Carta

Composição: Djavan / Gabriel O Pensador

“Não vá levar tudo tão a sério
Sentindo que dá, deixa correr
Se souber confiar no seu critério
Nada a temer
Não vá levar tudo tão na boa
Brigue para obter o melhor
Se errar por amor Deus abençoa
Seja você

No que sua crença vacilou
A flor da dúvida se abriu
Vou ler a carta que o Biel mandou
Pra você, lá do Brasil:

Eles me disseram tanta asneira, disseram só besteira
Feito todo mundo diz.
Eles me disseram que a coleira e um prato de ração
Era tudo o que um cão sempre quis
Eles me trouxeram a ratoeira com um queijo de primeira
Que me, que me pegou pelo nariz
Me deram uma gaiola como casa, amarraram minhas asas
E disseram para eu ser feliz

Mas como eu posso ser feliz num poleiro?
Como eu posso ser feliz sem pular ?
Mas como eu posso ser feliz num viveiro,
Se ninguém pode ser feliz sem voar?

Ah, segurei o meu pranto para transformar em canto
E para meu espanto minha voz desfez os nós
Que me apertavam tanto
E já sem a corda no pescoço, sem as grades na janela
E sem o peso das algemas na mão
Eu encontrei a chave dessa cela
Devorei o meu problema e engoli a solução
Ah, se todo o mundo pudesse saber
Como é fácil viver fora dessa prisão
E descobrisse que a tristeza tem fim
E a felicidade pode ser simples como um aperto de mão
Entendeu?

É esse o vírus que eu sugiro que você contraia
Na procura pela cura da loucura,
Quem tiver cabeça dura vai morrer na praia."

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sexta-feira, novembro 04, 2005

Amor Proibido - V

Re-adaptação de um rascunho escrito em Janeiro/2003





Foi como seguir uma estrada onde não existe desvios, nem atalhos. Eu nunca escolhi que acontecesse, te descobri como uma criança que aprende os primeiros passos, instruído a seguir seus movimentos, desenhar seus traços com a fôrma de sua voz, arriscar os primeiros olhares sem entender ao certo o significado. Fui alfabetizado. Graduei-me para atrair sua atenção, e sua atenção me fez desviar os gestos e caminhos que não apontavam em sua direção - quando se está apaixonado, o que menos importa é o resto do mundo -. Minha amizade foi, de todas, a melhor criação ao seu lado, quase uma obra de arte adolescente, disfarce ideal a quem ousa ir adiante sem ser notado. Abasteci meu desejo, sem saber exatamente o que usar como combustível, te transformei em um segredo sem chave para esconder de todos o que sempre esteve estampado em meus olhos tímidos. Minha dor é o cofre que guarda nossa história. Tranquei os beijos, o nosso amor, as promessas, dias só nossos. Guardo o que não aconteceu. Aperfeiçoei-me de você para tentar te conquistar, nadei contra correntezas mesmo sem ter a capacidade de nadar, fui ao lugar mais distante de mim sem decorar o caminho de volta. O amor não usa mapa. Hoje, meu corpo não a procura mais como aventura, abrigo. Aguarda nosso próximo episódio como um recém-nascido que desconhece a vida. Adivinho nosso destino em canções. A insistência em te esquecer é a inutilidade de me provar que você venceu todo esse mau tempo, os monstros e demônios que eu enviei para te destruir. E agora, radiante, sobrevive dentro de mim.


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