sábado, outubro 31, 2009

É festa no céu

















Se alguém seria feliz para sempre, então para que precisaria de um anjo da guarda? Não parecia lógico, mesmo assim estava decidido: o menor dos anjos seria o representante celeste daquela futura menina, quando pousasse a graça de sua existência fenomenal na Terra. 

A experiência era já expectativa há alguns anos-luz, como um trabalho que leva tempo para estudos e requer planejamento para funcionar. Como uma tese de doutorado. Muita conversa em baixo de arco-íris e escorregadeiras, acompanhados de pacotes de jujubas, chocolates e pés-de-moleque para espantar a fome. Mas chegara ao fim. Finalmente, pela primeira vez, traria o destino a um ser humano a missão de  representar a alegria como o único sentimento durante todo o tempo de passagem no mundo onde a não-alegria predomina. Uma verdadeira obra de arte celestial.

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sexta-feira, outubro 30, 2009

Frases inspirantes - IV

"O que não é planejado emociona bem mais do que confirmar expectativas." 


Fabrício Carpinejar

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segunda-feira, outubro 26, 2009

Rascunhos


Desenhei palavras vazias. Corri três rascunhos, parei ofegante. Revisei imaginação, aparei as pontas dos dedos, fiquei tentado encontrar uma maneira de emendar poemas.
Tomei estrada, dirigi textos sem rumo, além do horizonte de dentro de mim. Apertei acelerador, atropelei uma saudade que atravessava a rua. Passei para visitar um rascunho antigo, a casa tava imunda. 
Notei um poema semeando na mão direita, animei a esquerda, curvei as costas dos braços, puxei o teclado tentando fazer germinar. Rabisquei um grito, confundi o inicio, briguei com a segunda estrofe, apanhei de uma antítese, sai para procurar uma analogia melhor. Irritado, memorizei a origem da inspiração para saber exatamente onde não voltar a consultar. 
Tentei hidratar algumas idéias secas guardadas na gaveta, procurei por palavras potáveis. Caminhei em círculos por versos, fiquei tonto, mas não parei. Senti fome, fritei alguns pastéis em Mario Quintana.
Falei a um amigo sobre aquela questão emendar poemas, ele sorriu e mudou de prosa - notei algumas ameaças metafóricas cintilando no enredo da conversa dele, mas não acho que ele tenha percebido. Voltei para as palavras vazias. Reli o esboço, inverti o inicio, assassinei dois pensamentos covardes, motivei paradoxos, entortei as linhas, escorreguei na terceira estrofe, colidi na conclusão, bruscamente. Quase um acidente fatal. Fui sentindo uma certa falta de organização, desordem de idéias, mudança de ritmo. Uma bagunça.
Comecei a gostar.


Fernando Palma


Ps:Escrito em Maio de 2007
Obs: a reprodução dos textos é permitida contanto que haja devidas referências.Todas as produções são registradas. 

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domingo, outubro 25, 2009

Baseado em Personagens Reais - III





No princípio, não gostava muito dele, depois, foram me convencendo aos poucos com a idéia. Era um amigo comum a todos, mas ele sabia também ser vários, então cada um tinha um amigo diferente. Não sabia jogar bola, mas era craque em imaginar brincadeiras. Quando por qualquer instante eu ficava só, ele vinha cheio de idéias. Acabamos criando uma amizade estável. Muitas vezes, brincava horas com ele sem dizer uma palavra. Acho que isso ensinou sobre amizade. 

Ninguém sabe exatamente até quando ele permaneceu, ou quem foi o ultimo a vê-lo. Sei que da ultima vez que tocamos em seu nome estávamos reunidos no colégio, já bem crescidos, adolescentes, rindo, imaginando, como seria. Se o ele tivesse sido uma pessoa real. 


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sábado, outubro 24, 2009

Um paradoxo de homem para menino

Sou o que resta de um menino sonhador que alcançou um homem.


Sou o homem sonhando em alcançar o menino que não lhe resta.


Sou o que resta para o homem que o menino sonhou em alcançar.



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sexta-feira, outubro 23, 2009

Frases de Pensadores - III


"O amor não conhece sua própria intensidade até a hora da separação".
Khalil Gibran

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Pequenos Poemas Mario Quintana



CUIDADO


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quinta-feira, outubro 22, 2009

Pensamentos Soltos - V





Pedir opinião de todos tem o mesmo efeito que não pedir a ninguém. 

***

A paixão é um amor que ainda não completou dezoito anos. 

***

Me diga o que é felicidade e eu te irei quem és.


***


Não posso colocar-me em um poema, mas um poema em mim.


***


Desejos são convertido em planos. Ou conflitos.


***






"Ninguém pode fugir ao amor e à morte."
Públio Siro

***

Depois que as crianças crescem, os amigos imaginários passam o resto da vida brincando sozinhos.

***

A maior critica vem de quem se identifica com o defeito.

***

Ignorante é a pessoa que aprendeu diferente de você.






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terça-feira, outubro 20, 2009

A História do Poeta Bom-De-Briga.



Escolheu a palavra como defesa pessoal. Aprendeu a dar os primeiros golpes ainda na infância, usando seus cadernos-sacos-de-pancada, guardados no ringue secreto do quarto. Criou a mais complexa arte das imobilizações metafóricas, inspirações herdadas por ascendência familiar, nomes consagrados. Nunca fazia demonstrações em publico, mas era conhecido em todos lugares pelas habilidades quase sobre-humanas de violência textual. Intocável, seguia com esmero de si palavreando risos, mas deixava sempre caneta afiada nas pontas dos dedos, arma nobre disposta a qualquer imprevisto poético ou até mesmo para o cotidiano. Derrubou a dor a pancadas paradoxais, matou friamente o medo da reprovação-poética com agressões metalingüísticas. Desafiou os mais temidos inimigos pessoais e ante-literários. Quando vieram as paixões escolheu os versos, quando a solidão, a prosa.

Um dia, tentou fazer um pouco de silêncio e foi assassinado.





 Escrito em Setembro de 2006






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Pequenos Poemas Mario Quintana

DOS MILAGRES


O milagre não é dar vida ao corpo extinto,
Ou luz ao cego, ou eloquência ao mudo...

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domingo, outubro 18, 2009

O Ministério da Saúde Adverte: ame com moderação. O consumo excessivo pode causar danos irreparáveis.









I



“E amanhã...

Vou querer mais.

E depois de amanhã

mais .

E depois

mais.

E mais...


E você?”



“Perdoe-me,

mas é que eu só amo de vez em quando.

Não sou viciado.”



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quinta-feira, outubro 15, 2009

Danii - II





Não projete demais, não calcule, apenas fique por perto. Não hesite. Nem por três milésimos. Pense por três segundos: o que representam três anos? De onde vem a matemática do amor? Não há números em nossos encontros, Danii, apenas versos. Escrever para você é como imitar um poema já composto. É como copiar nossa própria poesia. E depois, esperar para saber se você achou que eu fiz parecido. Hoje, só desejo isso, que leia e se mantenha por perto. Não calcule, não tenha medo, simplifique. A simplicidade é a perfeição dos apaixonados. A perfeição é uma apaixonada pela simplicidade. Danii, o que nossos atos erram, a natureza se ocupa em reparar. Nunca se esqueça. Quando nos dizemos as palavras erradas, ainda assim, nos dizemos as palavras certas. Quando nos dizemos as palavras certas, é como nos dizer o absoluto, como adivinhar o pensamento, o futuro, como a felicidade de uma criança, "o paraíso". Dizer as palavras certas é como escrever algo inatingível, perfeição inalcançável. É quase um silêncio.


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Pedaços de Histórias - II

Nuvens
Provou um pequeno pedaço, mas foi o suficiente. O açúcar ficou grudado no céu da boca, enlabuzado. Com quatro anos, mal aprendera a falar, mas se pudesse escrever, produziria poemas para refletir tal sensação.
A mãe só deixava doce nos fins de semana, mas nos outros dias, as nuvens que passavam no fundo da casa nuca mais seriam as mesmas. Pois ele sempre as olharia sorrindo de vontade, imaginando, como seria, comer um algodão-doce daquele tamanho. 





Paixão
Era uma sensação nova, estranha. Sonhava de dia, se acordava a noite. A felicidade exagerada. Sentimento bom. Amor sem planejar, simplesmente aconteceu. De surpresa. Não esperava apaixonar-se tão facilmente por ela mesma. 







Infância
Observava o pai, sentado com o jornal na mão. Observava-o sem intenção, apenas para usar o momento em algo. Feliz ou desiludido, tentando adivinhar o que lia. Ou  talvez apenas estivesse esperando que o pai cansasse de ser um adulto e voltasse a ser criança. Para ele ter com quem brincar.







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terça-feira, outubro 13, 2009

Frases inspirantes - III

"Metade do que vivo é imaginação. A outra metade é conseqüência dela."


Fabrício Carpinejar

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O ponteiro invisível do tempo - II

Escrito em Janeiro de 2006




Repetia as mesmas palavras com poucos tropeços. Encorajava a si mesma, de uma coragem medrosa. Era só um recomeço. O silêncio das fotografias espalhadas no quarto somava o frio, que a desconfortava sempre neste instante, começo de noite. Não importa o tempo lá fora, o frio era sempre o mesmo.

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domingo, outubro 11, 2009

O Paraíso



O dia amanhece escutando música. Ele mal conseguiu dormir, mesmo assim acorda renovado, como nunca antes. Ela finge que não dá bola, mas deixa escapar  o riso que não conseguiu disfarçar quando ele chegou perto. Eles se protegem, mas se denunciam. Mas não é o tipo de denuncia que condena ou aprisiona, ao contrário: liberta. Se ela sente o mesmo, ainda é uma dúvida, ele calcula. Alguns podem dizer, mas será dúvida. E mais sincero assim: na incerteza. Eles nunca irão adivinhar. Ele pode lhe dizer algo em um mometo-qualquer-semi-planejado, ela percebe. Mas não liga se não disser nada, contenta-se com a espera. Eles consentem. Os minutos não passam, o filme que muda de cena. Ela volta nos melhores momentos: a canção. A vida não acaba, apenas a história. O telespectador não cansa de repetir.





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sábado, outubro 10, 2009

Frases de Pensadores - I

"A inteligência é o único meio que possuímos para dominar os nossos instintos."  




Sigmund Freud

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quinta-feira, outubro 08, 2009

O Hospedeiro – Biografia Resumida

Para Marcelo Cantalice
















Nasci nas ruas de pensamentos solitários. Não tinha sentimento para morar. Fui explorado por medos que me aprisionaram distante de onde eu era. Desisti de me libertar por muito tempo, até que um dia tentei. Fugi, e por não saber para onde ir, morei na própria ida. Falido, vivia em personalidades de aluguel, das mais baratas que encontrava. Cheguei a erros que me furtaram algumas esperanças que economizei desde cedo. Cheguei ao passado disfarçado de futuro. Cheguei a paixões que nem sempre chegaram a mim. Sem saída, cheguei à tristeza. Mas minha tristeza nunca soube me acolher. Cheguei a sonhos, depois à insegurança. Depois a sonhos. Voltei, encorajei, passava por contradições na ida-volta-e-não-ida. Guardei o endereço de algumas palavras que fiz amizade no caminho, mas nunca encontrei as verdadeiras palavras que me inventaram.

Hoje, superei meu abandono e transformei-me em uma re-invenção de mim. Não procuro mais onde viver, realizei meu sonho: sou casa própria. Estou sempre em obras e aberto a visitas. Uma moradia sólida, espaçosa e um hospedeiro insaciável: abrigo mais do que fui capaz de ser.

Sou muito mais do que já fui capaz de abrigar.

Fernando Palma, Junho de 2007

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terça-feira, outubro 06, 2009

Pequenos Poemas - II

O aluno



http://100dogmas.blogs.sapo.pt/arquivo/1livros.gif



Da vida,

guardo,
o que não aconteceu.
Carrego,
o que não pude ter.
Caminho por onde
estou certo

que desconheço.



Arrisco-me para não me arrepender depois.

Sou um aluno do avesso,
aprendo quando não consigo inventar.





Obs: poema escrito em Maio de 2007



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Cotidiano - II (Parte- II)

O momento do almoço era o mais importante. Distraído, tagarelava com algumas idéias felizes que ocupavam a passividade do instante. Conversava consigo, o diálogo com colegas apenas mantinha as aparências. O movimento ávido no shopping emprestava um pouco mais de vida à rotina ativa e empírica do trabalho cansado. O horário tinha liberdade para acontecer, por isso ele gostava. Sabia que qualquer destes instantes fatalmente seria um pouco mais diferente, um acidente feliz, inexplicado, um reencontro. O acaso. Não era exatamente acaso, porque ele já sabia. No entanto, não havia motivo ou prova para justificar como ou por que saberia, apenas sabe. Porque ele aprendeu a acreditar nas coisas sem haver razão e dessa maneira era mais bonito e verdadeiro. Bastava alguma força do querer, a realidade não é tão difícil . Sua crença sempre fora intocável e paciente, assim como a serenidade usada todos os dias para cuidadosamente alternar os três itens que mais gostava das opções de refeição. Como para ir ao cinema com o carro que só usa fim de semana, como para calcular os gastos, pagar as contas. Para trabalhar.

Até o fim de expediente, resistia ainda tranqüilo, mesmo com presença fática da canção lhe vigiando a memória. Mesmo com satisfação óbvia apregoada ao semblante dos trabalhadores esforçados, transpirando, empurrando o resto do dia para chegar logo às dezoito horas. Acima de tudo e todos, permanecia sereno e paciente na mesma posição que trabalha durante toda a semana. E a satisfação pela Sexta-feira permanecia linearmente em duvida a quem quer que o visse, calmo. Estaria feliz como os demais? Seria sua felicidade serena?

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segunda-feira, outubro 05, 2009

Frases inspirantes - I

"O oposto da dor é a paz e não a felicidade"




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domingo, outubro 04, 2009

Cotidiano - II (Parte 1)


A Sexta-feira não era como os outros dias. No mínimo, algo particular. Ainda disfarçado pelo terno que comprou as pressas na Vinte e Cinco de Março para ocupar o cargo, chegava ao trabalho com barba mal feita e um pouco mais de cansaço acumulado da Semana, quando que por desatenção caiu em pensamento numa melodia vaga. Melodia que invadia e tocava sem parar. Nem havia musica por perto.



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quinta-feira, outubro 01, 2009

Pequenos Poemas - VI



O Órfão




Quando escrevo
não sei onde chegar.
Percebo o ponto
ao ultrapassa-lo.
O excesso me equilibra.



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Conversas de MSN – II

A intensidade de um momento é medida na calmaria que o sucede.

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